Aprendendo a enxergar: uma visão de processos
- janeiro 18, 2021
- 8:33 pm
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Diante de um processo podemos usar diversas ferramentas e métodos para entendê-lo. No Lean falamos muito de “Aprendendo a enxergar” para se referir a uma mentalidade desenvolvida na Toyota que trata sobre enxergar desperdícios. É uma questão de educação do olhar, requer teoria e muita prática e vamos aqui expor um pouco do caminho para você se desenvolver nesse sentido.
Enquanto agentes de mudança, é vital entender e aplicar bem a análise de agregação de valor, pois é a partir de um bom mapeamento que se segue todo o processo de melhoria. Como ponto de partida temos os conceitos:
- O que é valor para o cliente? se refere às características do produto/serviço que satisfazem as suas necessidades e expectativas. É uma compreensão dos objetivos que seu cliente quer alcançar, um entendimento de suas necessidades e requisitos. O que vai satisfazê-lo?
- O que é desperdício? qualquer atividade que tem custos e gasta tempo sem acrescentar qualquer valor ao produto final. Perceba que entender o ponto acima, ou seja, o que seu cliente está disposto a pagar interfere diretamente na busca por desperdícios nos processos.
Como mapear a agregação?
Para realizar uma análise de agregação de valor em um processo temos que levantar o passo a passo de um processo e o tempo gasto por atividade. Chamamos de “Cronoanálise”, ou “Estudo dos tempos e movimentos”.
A partir daí classificamos cada atividade cronometrada dentre as três categorias abaixo:
- Atividades que agregam valor (AV): Transformam/modificam matéria prima ou informação para satisfazer as exigências do cliente; Agregam valor ao negócio.
- Atividades que não agregam, mas são necessárias (NAV): Não contribuem para aumentar o valor mas são incondicionalmente necessárias.
- Desperdícios (D): Atividades, processos, tempo e materiais desnecessários. Tudo que tem custos sem contribuir no valor final e pode ser eliminado.
Normalmente seguimos algumas diretrizes para facilitar a análise das atividades. Quando o colaborador ou a máquina está em contato direto transformando a matéria-prima ou o produto semiacabado temos invariavelmente uma atividade que agrega. No grupo das que não agregam, mas são necessárias temos normalmente fiscalizações, como auditoria e testes. Já nos desperdícios são atividades desnecessárias que só acumulam custos, como movimentações, estoque intermediário e retrabalho.
Próximos passos
O mapeamento de processos na ótica da agregação de valor nunca está sozinho. Ele é um meio para a redução de desperdícios e existem diferentes ferramentas para a efetivação de melhorias nos processos.
Nós na Alvarium utilizamos esse método de mapear processos para construir o MFV (mapa do fluxo de valor), que pega uma cadeia de processos conectados, de ponta a ponta. Será o tema do nosso próximo artigo.
Uma de nossas aplicações mais recentes foi em uma metalúrgica. Cronometramos o processo de solda e classificamos cada uma das suas atividades, como mostra a tabela abaixo. A partir da tabela criamos o gráfico Yamazumi. Uma forma de representar as % de agregação, e quando colocado ao lado de outros processos temos uma base comparativa
Quando falamos de processos e seus desperdícios precisamos buscar o cenário ideal: 0% de desperdícios, chamamos de “o processo perfeito”. E por mais que a perfeição não seja alcançável, a busca do time de melhorias vai sempre construir um cenário mais enxuto. Essa é a lógica por trás do método de análise de agregação de valor e esperamos que a partir desse texto você consiga levantar os dados de algum processo no seu dia a dia.
Comece hoje com algo simples! Cronometre alguma atividade, pode ser desde fazer o café até retirar um relatório, e tente classificar o que agregou no tempo gasto. Conta aí nos comentários como foi.